terça-feira, 2 de março de 2010

O que é Sionismo?

Saiba o que é o Sionismo e como ele foi criado.


Movimento internacional judaico, que resultou na criação do Estado de Israel, em 1948. A ONU dividiu a antiga Palestina em um território judeu e um território palestino. Os países árabes vizinhos (Egito, Síria, Jordânia e Iraque) não aceitaram a decisão da ONU e empreenderam uma guerra contra Israel, que aumentou em 50% seu território após derrotar os árabes, ocasionando a Diáspora Palestina. Na Guerra de 1967, Israel tomou toda a Península do Sinai, Gaza, a Cisjordânia (incluindo a parte Oriental de Jerusalém) e as Colinas de Golã, aproximando-se, em extensão de terras, do “Grande Israel” ou “Israel Bíblico” – objetivo perseguido pelos judeus ortodoxos até os dias atuais. Com um acordo entre Israel e os palestinos, iniciado em 1993, Gaza e algumas cidades da Cisjordânia, como Jericó, Hebron e Belém, começaram a ser transferidas para a Autoridade Palestina, porém o conflito entre Israel e os palestinos continua até hoje, com a retomada da 2ª Intifada em 2000, tendo em vista o não cumprimento de uma agenda que previa a devolução de toda a Cisjordânia à Autoridade Palestina, e devido à intransigência dos palestinos, que querem fazer de Jerusalém-Oriental sua futura capital. Antecedentes: A 1ª dispersão (exílio) ocorreu em 586 a.C., quando o imperador babilônico Nabucodonosor II invadiu e destruiu Jerusalém (e o Templo de Salomão), e deportou os judeus para a Babilônia (586-538 a.C.). A 2ª diáspora começou a partir da destruição de Jerusalém e do 2º Templo (que havia sido reconstruído por Herodes), feita por Tito em 70 de nossa era, e encerrou-se em 135, depois que os judeus se revoltaram com a paganização da cidade de Jerusalém, feita pelo Imperador Adriano, com um templo dedicado a Júpiter. Após essa revolta, os judeus remanescentes na Palestina foram proibidos de pôr os pés na Cidade Santa, que passa a se chamar Aelia Capitolina, e começam e se espalhar por todo o mundo, ficando um número insignificante deles na Terra Santa. Em 637, começa o domínio árabe sobre a Palestina, permeado por um curto domínio do Reino Latino (Cruzados), de 1099 a 1291, quando foi retomado por Saladino. A partir do início do século XIV, a Palestina se torna parte do Império Otomano, que perdurou até o fim da I Guerra Mundial (1918). Sionismo: O Sionismo, ideologia nacionalista que prega a volta dos judeus à Palestina, começa a tomar corpo principalmente depois das perseguições movidas contra os judeus na Rússia, devido ao envolvimento da judia Vera Figner no assassinato do Czar Alexandre II, em 1881, e do processo na França contra o Capitão Dreyfus, de família judaica, condenado em 1894 por um crime que não cometera.

O judeu húngaro Theodor Herzl, autor do livro “Der Judenstaat” (O Estado Judeu), no qual aborda idéias de assentamentos judaicos na Palestina, observando a intolerância contra os judeus na sociedade, especialmente o Caso Dreyfus, organiza, em agosto de 1897, o 1º Congresso Sionista Mundial, na Basiléia, Suíça, ocasião em que afirma: “O sionismo é o movimento do povo judeu em marcha para a Palestina; mas, o retorno à Palestina deve ser precedida pelo retorno do povo judeu ao judaísmo”. O Congresso reuniu 204 dirigentes judeus do mundo todo e as seguintes resoluções secretas foram tomadas em 3 dias de debates:

1) Estimular a colonização da Palestina, povoando-a de judeus, mediante uma emigração metodicamente organizada;
2) Organizar o movimento judeu, unificando suas formações espalhadas pelo mundo;
3) Despertar, reforçar e mobilizar a consciência judia em todas as comunidades;
4) Atuar nos diferentes Estados para obter o apoio e a anuência dos mesmos para o movimento sionista.” (Hussein Triki, in “Eis aqui Palestina”, pg. 53) “Quanto a Herzl, fixou, por sua vez, as fronteiras do Estado, como segue: vão do Nilo ao Eufrates e da margem direita do Nilo ao Mar Vermelho e a margem esquerda do Eufrates, a maior parte do Iraque e a totalidade da Jordânia e da Síria, sem falar, naturalmente, da Palestina.” (Hussein Triki, op. cit., pg. 67).
Assim, a partir do Congresso Sionista, começa a ocupação judaica da Palestina, a “Eretz Israel” ou a “pátria histórica dos judeus”, embora outros países fossem propostos para a criação de um novo Estado judeu, como a Argentina, Chipre, o Sinai e Uganda. Em 1880, havia cerca de 20.000 judeus na Palestina (Dictionaire Diplomatique, pg. 204). Em 1914, cerca de 30 kibbutzim já se haviam estabelecido na Palestina, somando 40.00 judeus, embora houvesse crescente restrição dos otomanos. Em 1919, já eram 56.000 (Survey of Palestine, TI, pg. 144). Em 1923, após o recenceamento da Administração Herbert Samuel, a Palestina contava com 757.000 hab., dos quais 83.000 eram judeus. A colonização era feita, principalmente, por meio dos “kibbutzim”, colônias agromilitares de inspiração socialista. Afirmou H. Samuel: “A política que tenho a missão de implementar no nome de S. M. compreende o fomento da imigração judia até o ponto em que haja alcançado um nível tal que permita afirmar o direito dos judeus de criar um governo judeu na Palestina.” Entre 1920 e 1925, a Administração H. Samuel, em cooperação com “El Kahal”, havia introduzido na Palestina 50.000 imigrantes judeus, que vieram principalmente da Rússia e da Polônia; entre eles destacam-se: David Ben Gurión, Golda Meir, Jacobo Shapiro, Haim Gebai, Mordkhai Bentof, Moshe Sharet. Ao final do Mandato britânico, eram 600.000 judeus. Em 1916, os sionistas eram proprietários de 241.000 dunums (1 dunum = 1.000 m²); em 1947, de 1.850.000 dunums. A criação do Protetorado britânico sobre a Palestina, depois da I Guerra Mundial, realizada pela Liga das Nações (precursora da ONU), e a posterior criação do Estado judeu, foi uma traição da Grã-Bretanha ao acordo firmado com o Príncipe Faiçal, da Arábia Saudita, durante a Campanha Árabe, na I Guerra Mundial, no qual se garantia “a unidade dos países árabes e a independência de todos esses países” – traição essa já vislumbrada por Lawrence da Arábia em seu livro “Os Sete Pilares da Sabedoria”, embora não conhecesse o conteúdo do Acordo Sykes-Picot. Lawrence era um oficial inglês, amigo dos árabes, e participou da campanha contra os turcos para a libertação da Península Arábica, Palestina e Síria. Em 1916, o acordo “G.S.I(j)” foi firmado entre os sionistas e o Comando britânico na zona do Oriente Médio, pelo qual os britânicos armaram as brigadas da Hagganah – embrião do futuro Exército de Israel – e ficaram encarregados de seu adestramento na guerrilha. Em 1917, David Ben Gurión e Isaac Ben Zvi formam nos EUA uma brigada de voluntários judeus americanos para combater os turcos no Egito e na Palestina (durante a II Guerra Mundial, a Hagganah tinha cerca de 30.000 militares, entre os quais Moshe Dayan, herói da “Guerra dos Seis Dias”, em 1967). Em 2 Nov 1917, o Governo britânico reconheceu a “Declaração Balfour” – de seu Ministro do Exterior, Arthur, James Balfour – que concedia o direito do estabelecimento de um “lar judeu” na Palestina. No entre-guerras, o Mandato britânico permitiu aos sionistas montar uma indústria bélica, que chegou a produzir “200 metralhadoras por dia, 400.000 cartuchos calibre 9 mm por mês, 150.000 obuses e 30.000 granadas calibre 3 polegadas; sem contar os morteiros pesados e leves e uma indústria muito adiantada de mina”. (Hussein Triki, op. cit., pg. 121).
Nessa época, milhares de judeus europeus imigraram para a Palestina, fugindo do nazismo, ocasião em que aumentaram os distúrbios entre árabes e judeus, e surgiram os primeiros grupos terroristas judeus, como o Irgun de Menachen Begin. O hebraico ressurgiu como língua oficial para os judeus na Palestina, graças principalmente ao trabalho de Eliezer Ben-Iehudá. Com o fim da II Guerra Mundial e o holocausto judeu, o movimento sionista passou a exercer uma maior pressão internacional para a criação do Estado judeu. No dia 2 Abr 1947, a Grã-Bretanha solicitou ao Secretário-Geral da ONU, Trygve Lie, a convocação de uma sessão extraordinária da Assembléia-Geral da organização, para estudo da “Questão Palestina”. Em 28 Abr 1947, a AGNU reuniu-se e decidiu, em 5 Mai 1947, a criação da “Comissão Palestina”, composta de representantes de 11 Estados-membros. No final de agosto, foram apresentados 2 projetos diferentes:
a) o projeto majoritário sugeria:
1) pôr fim ao Mandato britânico;
2) proceder à partilha da Palestina e criar nela um Estado judeu e um Estado árabe;
3) considerar a cidade de Jerusalém como zona internacional com o patrocínio da ONU;
b) o projeto minoritário previa:
1) fim do Mandato britânico;
2) criação de um Estado federal cuja capital seria Jerusalém, que se comporia de um Estado árabe e de um Estado judeu. Em 29 Nov 1947, na Assembléia-Geral da ONU, em Flushing Meadows, EUA, presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha, foi votada a partilha da Palestina, quando 33 Estados votaram a favor, entre os quais EUA, Rússia e Brasil; treze Estados (10 países islâmicos, Cuba, Grécia e Índia) votaram contra a partilha; e 10 abstiveram-se (entre os quais Grã-Bretanha, Argentina, China e México). Os votos que decidiram a favor da partilha vieram do Haiti, Libéria e Filipinas – considerados países “satélites” dos EUA –, os quais eram inicialmente contra a partilha. Jerusalém teria status de cidade internacional. A ONU destinou aos judeus as terras mais férteis da Palestina, como a planície costeira e a planície do Esdrelon, além do Lago da Galiléia. Embora a população árabe, na época da partilha, comportasse 2/3 da população total da Palestina, de 1.936.000 habitantes, a ONU lhe destinou apenas 42,88% do território, com terras arenosas e pobres. No dia 19 Mar 1948, os EUA apresentaram um projeto ao CSNU, para que fossem suspensas as atividades referente à partilha da Palestina, e que os árabes fossem convidados a concluir um armistício. Em 24 Mar 1948, a Agência Judia repudiou veementemente o projeto americano e que seja posto fim ao Mandato britânico em 15 Mai 1948, e solicita ser reconhecida como Governo de Israel. No dia 9 Abr 1948, ocorre o massacre de 250 palestinos na aldeia de Deir Yasin, próxima a Jerusalém, com anciões e crianças degoladas, mulheres grávidas estripadas. O bárbaro ato foi promovido por homens do Irgun e do Stern, sob o comando de Menahen Begin. Terroristas judeus já haviam assassinado 4 policiais em Tel Aviv, no dia 26 Set 1947, e em 20 Out 1947 haviam matado o Xeque Ahmed Salama Touiki e mais 4 membros de sua família, perto da localidade de Ranana. No dia 14 Mai 1948, em Tel Aviv, David Ben Gurión leu a proclamação do Estado de Israel. Oito horas após esse ato, o novo Estado de Israel foi invadido por tropas árabes do Egito, Síria, Jordânia e Iraque. Após essa guerra vitoriosa, Israel aumentou seu território em 50%.
Os palestinos, em sua maioria, fugiram para a Jordânia, onde entraram em choque com o Exército local, culminando em 1970 num sangrento massacre de palestinos, conhecido como “Setembro Negro”. Os sobreviventes foram expulsos para o Sul do Líbano, onde Yasser Arafat montou seu quartel-general, juntamente com outros grupos de resistência palestina. Na guerra de 1948, Israel arrasou vilas-fantasmas inteiras dos antigos moradores árabes e proibiu o retorno dos mesmos após a guerra, iniciando-se a diáspora palestina. A parte árabe da antiga Palestina que deveria formar o novo Estado palestino foi anexada pela Jordânia em 1950. Israel entrou, ainda, em guerra com os vizinhos árabes em 1956, 1967 e 1973. Em 1967, em apenas 6 dias, Israel tomou toda a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, toda a margem oeste do Rio Jordão (Cisjordânia), Jerusalém-Oriental e as Colinas de Golã, na Síria. Foi o maior território já conquistado por Israel depois de 1948, aproximando-se do “Grande Israel” ou “Israel Bíblico” sonhado por Theodor Herzl e os judeus ortodoxos. “Nessa guerra, aumentou o terrorismo de Israel contra os palestinos dos territórios ocupados. Muitas aldeias foram destruídas pelos judeus, os tratores alisando o terreno, a população tendo que fugir para escapar do massacre. As terras dos ‘ausentes’ foram confiscadas para instalação de bases militares e assentamentos agrícolas. Formaram-se ‘cinturões’ de assentamentos judeus em torno das principais cidades da Cisjordânia, como Hebron, Belém, Ramallah, Jericó e Nablus, além de Jerusalém. De 1967 até 1983, foram instaladas 163 colônias agrícolas (kibbutzim) na Cisjordânia e 12 em Gaza. No Golã sírio foram estabelecidos 29 kibbutzim entre 1967 e 1980. Enquanto os colonos judeus na Cisjordânia podiam perfurar poços artesianos de até 300 m de profundidade, os palestinos só podiam atingir 100 m”. (Félix Maier, in “Egito”, pg. 153 e 154) Entretanto, em 1982, Israel devolve a Península do Sinai ao Egito, após o acordo de paz de Camp David, assinado pelos dois países em 1979. Entre 1948 e 1970, mais de 1.300.000 imigrantes judeus se instalaram na Palestina, aumentando a população judia de 700.000 para 3.000.000. A “Lei do Retorno” concede, ainda hoje, cidadania israelense a qualquer judeu no exterior que chegue para viver no país. Após o fim da URSS, houve grande fluxo de judeus russos a Israel, além de judeus africanos, como os “falashas” etíopes, atraídos pela política desenfreada de assentamentos do Governo Yitzhak Shamir, principalmente nos territórios ocupados. Porém, após a Guerra do Golfo, em 1991, e especialmente com a nova situação política no Oriente Médio em direção à paz entre árabes e judeus, após o Acordo de Paz entre Israel (Yitzhak Rabin) e a OLP (Yasser Arafat), selado em Washington, EUA, em 13 Set 1993, os EUA negaram um empréstimo a Israel de 10 bilhões de dólares, para congelar a política de rápida ocupação do solo da Cisjordânia. Entre 1990 e 1993, 550.000 imigrantes se estabeleceram no Estado de Israel. Em 1994, foram apenas 78.000. A partir do Acordo de Paz de 1993, Israel cede a Faixa de Gaza e Jericó à Autoridade Palestina, embrião de um futuro Estado palestino. Começando a engatinhar em Gaza e Jericó, depois por Hebron, Nablus, Ramallah, Belém e outras cidades, não se sabe se o novo Estado palestino será mesmo efetivado, especialmente após a 2ª Intifada, verdadeira guerra não-declarada entre árabes e israelenses, iniciada em 2000, e que até o início de 2002 deixou um saldo de mais de 1.200 mortos, principalmente árabes. Deve-se considerar as dificuldades da Autoridade Palestina em exercer um controle eficaz sobre grupos extremistas, especialmente os “homens-bomba” do Hamás e da Jihad Islâmica, além do Hizbullah que atua no Sul do Líbano, que não aceitam sequer a existência do Estado de Israel, e a disposição de Israel realizar a completa devolução da Cisjordânia e conter também seus extremistas. Um dos pontos da discórdia árabe-israelense continua sendo Jerusalém, eleita para ser a capital tanto de Israel como dos palestinos. Veja Acordo Sykes-Picot, Declaração Balfour, Hagganah, Hamás, “Higiene social”, Hizbollah, Holocausto, Iídiche, Intifada, Irgun, IZL, Lei de Vaud, Livro Branco, Massacre de Deir Yasin, Narodnaya Volya, Protocolos dos Sábios de Sião, Sabra e Chatila e Stern.

Fonte: Israel Zionism

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